Um dos maiores, senão mesmo o maior, festival de jazz do Ribatejo arranca hoje, dia 8 de Abril, às 21h45, no cine-teatro S. Pedro, em Alcanena, com dois concertos: um da Xaral's Dixie, uma formação local de Minde; e outro da Dixie Boys, uma formação de músicos portugueses que recriam a típica dixieland de Nova Orleães nos Estados Unidos.

O festival segue depois no dia 9, com dois concertos em Minde, com os Stone Pony e os Funkoffandfly, às 22h.

No dia 10, mais espectáculos com os A.Tarara, Adriana Miki e Benny Lackner.

No dia 11, voltam os Xaral's Band e os Lucky Duckies, às 18h, em Minde. Actuam ainda o Coro de Câmara e o Coro Polifónico da CAORG.

Da pacata vila de Minde, no sopé das serras d’Aire e Candeeiros, no concelho de Alcanena, vai ser lançado esta semana “um grito” de chamamento para 17 actuações/performances de arte contemporânea que prometem agitar a vida cultural da região.

O Festival Materiais Diversos (programa completo), que nasceu da colaboração entre o coreógrafo Tiago Guedes, a Câmara Municipal de Alcanena e o Ministério da Cultura, “podia ser feito em qualquer sítio”, dada a qualidade e a dimensão internacional da programação, mas vai acontecer num local onde já existem algumas dinâmicas e estruturas culturais mas faltam eventos de arte contemporânea.

Primeiro espectáculo é já esta quinta-feira, às 21h, no cine-teatro S. Pedro em Alcanena, e trata-se da peça "Purgatório" de Martim Pedroso.

Coreógrafo Tiago Guedes é o principal dinamizador

Tiago Guedes, que partiu de Minde aos 18 anos para fazer o curso de coreógrafo (direcção) na Escola Superior de Dança, em Lisboa, aceitou o desafio que lhe foi lançado há pouco mais de um ano pela autarquia, concentrando no Festival o essencial das suas energias. Depois da peça “Um Solo”, com que se estreou aos 22 anos e que lhe valeu o Prémio do Público no Festival Danças da Cidade (2002), e de um período muito intenso de produção (sete peças em oito anos) e de passagem por diversos países (foi coreógrafo residente no Thèatre le Vivat, em Armentières, França, durante três anos), Tiago Guedes aceitou de bom grado o desafio para ser “alavanca” de um projecto que envolve um grande número de pessoas. “Procurámos fazer um festival que desse peças a descobrir à população – são quatro internacionais e seis ou sete nacionais, com enfoque nos jovens criadores portugueses, que têm muito pouca visibilidade -, mas também que desenvolvesse projectos com as comunidades locais”, disse à agência Lusa.

Trabalho com grupos locais

Destas, são exemplos os trabalhos desenvolvidos com o grupo de teatro Boca de Cena pela cenógrafa Cláudia Gaiolas e com a Banda Filarmónica da Sociedade Musical Mindense pelo grupo Cão Solteiro & Vasco Araújo. A Associação Cultural Materiais Diversos, de que Tiago Guedes é director artístico, assentou arraiais por estes dias numa antiga gráfica, que transformou radicalmente, tornando-a não só sede do evento mas também um espaço onde vai ser possível o público encontrar os artistas, beber um café, dançar ou provar uma ceia regional.

Para o ano são espectáculos ao ar livre

Com contrato por dois anos, Tiago Guedes quer que a edição de 2010 aproveite o espaço de parque natural (das Serras d’Aire e Candeeiros) em que a região se insere, com a realização de espectáculos ao ar livre, pelo que irá decorrer não em Novembro mas em Setembro.

A edição deste ano vai permitir “desbravar caminho”, ficando para 2010 a decisão sobre os moldes em que o festival irá decorrer no futuro e sobre se irá envolver outros municípios da região, alargando a colaboração que este ano se estabeleceu com Torres Novas. “Sabemos que queremos que continue a decorrer anualmente, que se inscreva nesta região, que as pessoas o conheçam, o acarinhem, que seja importante para elas”, disse.

Com as receitas do festival (os bilhetes custam 5 euros, os livre-trânsito 50 euros), a Materiais Diversos quer reconverter uma antiga fábrica têxtil de Minde num Centro Internacional de Residências Artísticas, um projecto que, além de cultural, assume também carácter económico (por criar empregos directos e indirectos), social (por “convocar” as pessoas e lhes dar qualidade de vida) e turístico (por divulgar a região).